Imediatamente me lembrei dos jogos de futebol que tenho assistido, onde até os times que ganham as taças não usam mais a parte criativa, apenas funcional, algo como, vence quem corre mais e não quem corre mais bonito, como se vencer fosse o mais importante.
O que se repara é que o time que ganha a taça não é técnicamente muito superior, apenas tem maior resistência física, e isso em qualquer parte do mundo, salvas exessões como Ronaldinho Gaúcho que são os maiores gênios no que fazem quando jogam em seus times, mas que quando joga pela seleção Brasileira, parece um carro cor prata, ou um sabão de côco. Não o deixaram jogar como ele sabe? Ele se decidiu a fazer outra coisa? A questão é que o coletivo é importante, mas não mais que o individual. Ou estamos nos tornando comunistas inconscientes?
Quem dera o esporte fosse como a arte - opa, como a arte já foi um dia, pois a arte também virou competição, nada tão evoluído como o esporte que tem pontuação com base sólida, mas com tantos programas de calouros, concursos de música, que transformam a música em réu, e as colocam para serem julgadas por pobres mortais fica mais difícil.
Me arrependo amargamente de ter colocado minha música a julgamento nas duas únicas vezes que fiz isso na vida, uma no premio Visa/Vocal, outra defendendo a minha cidade numa gincana de programa televisivo. Mas me arrependo não porque perdi ou porque não fui convocado, mas pelo simples fato de ter colocado minha música à julgamento, pois ela não cometeu crime nenhum pra ser julgada, me senti como se estivesse entrando numa delegacia e falado para o delegado: Me prenda, eu não fiz nada, mas me julgue. Ou comparações como as do Guiness Book, que visam definir o maior em vendagens, o que gravou mais, o filme que faturou mais, a pintura que foi mais valorizada.
Eu pude perceber que nossa sociedade está virando um gigantesco sabão de côco, está perdendo a personalidade. Sabe aquele lance de ego? O ego é tipo uma proteção de nosso pensamento, e nós somos o que pensamos, mas estamos perdendo isso, estamos deixando de ser. Se fosse deixar de ser para conviver, seria perfeito, mas a realidade mostra uma tendência à deixar de ser para se suportar. Isso pode ser bom?
Se analizarmos a busca do equilíbrio oriental e o desapego do Ego, imediatamente pensamos até que ponto a falta de personalidade que nossa sociedade vive é um sinal de equilíbrio, assim como até que ponto o excesso de personalidade de certas regiões só significa eminência de guerras.
Será que o ser humano está chegando a uma conclusão existencial, atingindo uma personalidade globalizada, onde em certos pontos do globo isso parece impossível, causando instabilidade na face da Terra? Será que estamos nos tornando pessoas mais profundas por não nos apegarmos em fatores externos como a cor do carro ou o corte de cabelo, ou os comentários que se faz numa roda de bate-papo? Será que estão prestando mais atenção nas menssagens do que na qualidade do papel? Ou será que estamos evitando nosso ódio fazendo uma justiça externa aos nossos pensamentos? Buscamos tranqüilidade ou equilibrio?
Vasco Faé